quinta-feira, 19 de junho de 2014

Aposentado recolhe detritos todo dia em rio de Casimiro de Abreu

Nasce o sol, e Mestre Tuti sai em seu barquinho para mais um dia de trabalho. Com uma rede nas mãos, ele aproveita a força da natureza e desce o Rio São João junto com a correnteza. No trajeto, recolhe sacolas plásticas, garrafas PET, pneus, troncos, latinhas de alumínio, fraldas e muitos outros resíduos acumulados na vegetação do manguezal. O rio é o maior genuinamente fluminense. Com 120 quilômetros, nasce na Serra do Sambê, na divisa de Cachoeiras de Macacu com Rio Bonito, segue por Silva Jardim e deságua no mar em Barra de São João, na divisa de Casimiro de Abreu com Cabo Frio. Em seu percurso, corta parte da Reserva Biológica de Poço das Antas e integra a Área de Proteção Ambiental (APA) do São João. Apesar da sujeira que Mestre Tuti encontra pelo caminho, a foz do rio ainda abriga uma área de cinco quilômetros quadrados de manguezal, sendo um dos ecossistemas mais bem preservados do estado.

Mestre Tuti (ou José Otoni Moreira, seu nome de batismo), de 66 anos, é um protetor dessa riqueza. Aposentado, ele tem um cargo em comissão de educador ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Casimiro de Abreu. Diariamente, faz a limpeza no rio, recolhendo cerca de 1.300 quilos de lixo por mês. E já vê resultados de seu trabalho, que lhe rendeu a Medalha do Mérito Ambiental, dada pela prefeitura de Casimiro.

— Quando comecei, há cerca de cinco anos, a quantidade de lixo era muito maior — recorda.
Ele também deixa um barco ancorado no rio, onde pescadores que passam depositam seu lixo.

LIXO É RECICLADO

Todo o material recolhido é separado para reciclagem. As garrafas PET, por exemplo, são usadas para cultivar mudas de vegetação do mangue.

— É um servidor exemplar — elogia o prefeito de Casimiro, Antônio Marcos.

Natural de Trairi, no Ceará, Tuti se apaixonou por Barra de São João, principal distrito de Casimiro, onde vive há 15 anos. De família de pescadores, a natureza foi uma grande aliada para sua subsistência e, agora, ele tenta retribuir.

— Hoje a comunidade dá apoio e reconhece nosso trabalho. Moradores e visitantes já não jogam muito lixo no rio e nas suas margens.



Fonte: O Globo

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